SV#56 – Confraria: Blends

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Posted by Fabiana Knolseisen on

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Nessa confraria falamos sobre as motivações dos enólogos ao se decidirem pela produção de blends ou varietais (ou de blends disfarçados de varietais!). Exploramos alguns blends clássicos e outros mais inusitados, além dos blends de safras. A cepa destaque da noite foi a Alicante Bouschet: uma rara variedade tintoreira dentre as vitis viniferas e que esteve presente em 3 dos vinhos degustados. Sempre buscando vinhos com o melhor custo benefício. Tintim!

Blends x Varietais

Historicamente produtores buscam vinhos mais equilibrados, interessantes e complexos através da combinação das propriedades complementares de distintas variedades de uva. Esses vinhos compostos por mais de uma variedade são conhecidos como blends ou cortes (ou ainda assemblages, do francês).

Varietais são os vinhos teoricamente feitos com uma única variedade de uva – a qual geralmente vem indicada no rótulo, como Pinot Noir, Sauvignon Blanc etc. Na prática, contudo, os produtores podem adicionar pequenas quantidades de outras uvas sem a necessidade de indicá-las no rótulo. O limite de adição é de normalmente 15%, conforme a regulamentação de cada país (no Brasil é 25%). Esses vinhos, apesar de tecnicamente serem blends, legalmente podem ser chamados de varietais, a critério do produtor.

Blends Clássicos

Bordeaux

Interessante

Apesar da utilidade de poder optar por variedades distintas e com características complementares para a composição dos blends, a grande variedade de uvas permitidas em Bordeaux é, na verdade, uma necessidade histórica. Com seu clima marítimo e menos previsível, era importante que os produtores tivessem à mão variedades com distintas épocas de floração, brotamento e velocidade de maturação. Só assim era possível garantir que uma geada tardia ou uma temporada ruim não arruinasse toda uma safra.

Sem sombra de dúvida, o blend mais popular do mundo é o bordalês, mais especialmente o blend da margem esquerda, à base de Cabernet Sauvignon com boa dose de Merlot e outras variedades permitidas, como a Cabernet Franc e a Petit Verdot. Copiado por toda parte, busca tirar proveito da concentração de taninos e acidez típicas da Cabernet Sauvignon e amaciá-los com os taninos mais macios e aromas de frutas vermelhas da Merlot. Cabernet Franc e Petit Verdot são as principais coadjuvantes nos blends bordaleses, mas a apelação permite o uso de 13 variedades, entre elas a Malbec e a Carmenére.

Sul do Rhône – blends GSM

O sul do Vale do Rhône também é famoso por tirar proveito da complementariedade das diferentes variedades de uvas permitidas. A uva mais plantada na região, a Grenache, com sua casca fina, baixa acidez e tendência a concentrar açúcar é complementada pelos taninos, acidez e aromas da Syrah e da Mourvedre nos famosos bleds GSM, ícones da apelação Châteauneuf du Pape.

Blends Portugueses

Os portugueses são também famosos por seus blends com variedades autóctones. Por serem tão particulares e locais, são praticamente desconhecidas fora do país. O Brasil é uma notável exceção, seja pela proximidade cultural ou pela boa entrada que os vinhos portugueses têm em nosso mercado; Dos vinhos provados na degustação, 3 tinham Alicante Bouschet em sua composição!

Blends de safras

Além de combinar uvas, alguns vinhos também combinam safras distintas. Essa prática é comum em Champanhe e em Jerez (lembra da técnica de solera ? Confere no áudio ou nos programas SV#23 ou no SV#49).

A razão original para mesclar safras é  buscar garantir que os vinhos mantenham o “estilo da casa”. Isso também é feito nos whiskeys. Nossa degustação também teve blend de safras. Brazuca! Confere no áudio.

Os vinhos da noite

Veja abaixo os rótulos dos vinhos e preço médio. Confira as notas de degustação no áudio.

Conheça mais sobre os vinhos e vales do Chile neste podcast e nesta Taça.

Erasmo Garnacha Alicante 2016: Produzido no secano da comunidade de Caliboro, no Maule - Vale Central chileno. Fresco e vibrante com muita fruta vermelha. 75 % Garnacha / 25 % Alicante Bouschet. Cultivo orgânico e fermentação com leveduras selvagens. 3 meses de passagem poor barricas.
Quinta do Seival Castas Portuguesas 2015 - Vinícola Miolo 50% Touriga Nacional / 50% Tinta Roriz. Uvas da Campanha vinificadas no capricho: todo o processo foi conduzido por gravidade, maceração pré e pós fermentativa garantes ricos aromas de frutas negras aliados a cor e taninos intensos mas suaves. 12 meses em barricas francesas. Melhor preço: R$85 em vinhais.com.br
PERCENTUAL 2014 Vinícola Zanella: 50% Merlot 25% Cabernet Sauvignon 15% Tannat e 10% Alicante Bouschet. Uvas de Antônio Prado, na Serra Gaúcha. 12 meses em barricas francesas e americanas. Nariz complexo, com notas de couro, baunilha e amêndoas. Corpo médio, 12,5% de álcool. R$60 em São Paulo com os Detetives do Vinho (vide abaixo na seção Apoiadores)
Imnominabile Lote VI - Villaggio Grando: primeiro representante dos vinhos de altitude da Serra Catarinense na confraria, já chegou arrasando com seu blend de uvas (Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Merlot, Mabec, Marselan, Petit Verdot e Pinot Noir) e safras (2004, 2005, 2006, 2007, 2008, 2009 e 2012): todo ano uma parte do vinho é guardada para ser mesclada à safra seguinte, no melhor estilo solera brazuca. O frescor do Pinot Noir se faz notar em meio às uvas mais potentes e os 18 meses em barricas, tanto em boca quanto em nariz. Elegante, complexo e com bom corpo.
Coutada Velha 2017 - Monte da Ravasqueira (Alentejo): Syrah, Aragonês e Alicante Bouschet passam por maceração pré-fermentativa seguida por fermentação a 26 graus para preservar os aromas frutados de frutas vermelhas em compota e especiarias, que não se apagam após os 12 meses em barricas francesas. Vinho viscoso, com muitas lágrimas e taninos suaves e adocicados. R$ 129,10 em promoção na Ville du Vin.

Os confrades e confreiras

Créditos e agradecimentos

  • Obrigada aos apoiadores:

                                              

  • Ao longo do programa de hoje você ouviu Fell it Still – Portugal. The Man

  • Na Abertura do programa, como sempre, ouvimos Jane Monhiet e Michael Bubblé – I won´t dance

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