Fabiana Knolseisen, 19/12/2017
Vocês já viram minhas pesquisas e considerações para planejar minha visita ao Vale dos Vinhedos no SV#26. Agora é hora de ver como efetivamente saiu tudo e o que eu faria diferente.
Eu escolhi visitar produtores pequenos cujos vinhos eu teria pouca oportunidade de conhecer aqui em São Paulo. Também porque a visita acaba sendo mais pessoal e legal – como vocês já puderam comprovar nos programas SV#28 – Naturalmente, Eduardo Zenker, SV#30 – Vinificando com Almaúnica e SV#34 – #SQN: Vinícola Valmarino. Também acabei visitando mais gente fora do Vale do que dentro. Vamos às dicas!
Dia#1: Atelier Tormentas (Canela-RS)
Curiosíssima para conhecer este vinhateiro fortemente inspirado na Borgonha e queridinho do Ed Motta, peguei o carro no aeroporto e fui direto para Canela. São apenas 100km mas se leva quase 2h para completar o percurso (estrada simples e com limite de velocidade bem baixo). Pra quem tem tempo, vale ficar um tempinho por aqui e explorar a vizinha Gramado, suas cervejas e chocolates. A cerca de 50km, na cidade Três Coroas, está o templo budista Chagdud Gonpa KHADRO LING, e a uns 100Km o imperdível Parque Nacional de Aparados da Serra e seus impressionantes Cânion Itaimbezinho e Cânion Fortaleza.
Dia#2: Garagem do Zenker (Garibaldi-RS) e Vinícola Valmarino (Pinto Bandeira-RS)
Mais uma distância de pouco mais de 100km que se leva 2h para percorrer. Lá fui eu encontrar o natureba raíz Eduardo Zenker – aquele cara cujos vinhos de garagem forams apreendidos numa ação meio controversa da INAV. A conversa foi ótima e pode ser conferida no SV#28. Almoço corrido e sem glamour – mas caseiro e gostoso – no Marisa Restaurante e pé na estrada encontrar o Marco Antônio Salton, da Vinícola Valmarino, lá em Pinto Bandeira. 31 km percorridos em 40minutos, sem muito drama seguindo as indicações do Google Maps. Essa conversa rendeu um dos programas mais legais do podcast, o SV#34.
Check in no hotel Super 8, que fica na estrada bem perto de uma das entradas do Vale. É fácil de achar e de chegar, mas… tem um posto da polícia rodoviária bem na saída de Bento Gonçalves! Não houve blitz em nenhum dos dias que eu estive por lá (era baixa temporada).
Jantar no Caldeira, #1 no Tripadvisor e que não decepcionou. Isso sem falar no preço do vinho…
- Dia#3: Enfim, o Vale! Almaúnica (Bento Gonçalves-RS)
Finalmente visitei o Vale dos Vinhedos de fato. A escolhida foi a Almaúnica – motivada pelo syrah, devo confessar, mais que pelas indicações. Me senti em casa: é super moderna, tecnológica e segue a mesma cartilha pela qual aprendi de vinhos! Foi interessante porque as 3 visitas anteriores haviam sido muito distintas: 1 natureba Nutella, 1 natureba raiz e um produtor heterodoxo. Me fez ver que há lugar para todas as filosofias (inclusive o bom e velho “by the book”. Ufa!). Essa visita rendeu um programa e uma Taça.
Almoço na Risoteria Vallontano: é legal porque além de almoçar dá para degustar os vinhos Vallontano e alguns Era dos Ventos (projeto natureba do Luis Henrique Zanini). Para acompanhar o almoço, vinhos direto da lojinha – mas na temperatura certa e com preço da loja: o melhor de dois mundos! Provei e aprovei (e trouxe pra casa) o Cabernet Sauvignon 2008 (R$70).
Jantar hoje no Casa Emiglia. Os preços dos vinhos fazem a gente querer viver aqui!
- Dia#4: Angheben (Bento Gonçalves-RS) e Vilmar Bettú (Garibaldi-RS)
Mais uma visita no Vale. A Angheben foi escolhida por indicação um certo bairrismo: a família emigrou do Trento, mesma região de onde veio meu sogro. E eles têm teroldego! Mais um papo muito legal (mas esse ainda não rendeu nem programa nem Taça. Estou trabalhando nisso e já atualizo).
Mais uma visita no Vale. A Angheben foi escolhida por indicação um certo bairrismo: a família emigrou do Trento, mesma região de onde veio meu sogro. E eles têm teroldego!
Mais um papo muito legal (mas esse ainda não rendeu nem programa nem Taça. Estou trabalhando nisso e já atualizo).
À tarde voltei a Garibaldi para visitar o Vilmar Bettú – outro micro produtor que faz vinho na garagem e que eu tinha visto no programa Um Brinde ao Vinho. É interessante porque ele faz pouco volume de uma grande variedade de uvas e vinhos. Também aprendi que aparentemente dá pra guardar vinho em garrafa de suco Maguary bem fechada: o volume é menor e a vedação boa. Provei vinhos com mais de 10 anos e que estavam numa dessas garrafas (Betú me explicou que ele vai trocando o envase conforme o volume vai diminuindo com as degustações) e estava em perfeito estado.
Jantamos novamente no Caldeira: ligamos antes para encomendar o pernil de cordeiro (leva 1h pra ficar pronto se deixar pra pedir na hora).
- Dia#5: Compras
Dia da volta. Sábado. Descobri que não há lojas de vinhos: a prática é visitar as vinícolas e comprar por lá mesmo. A alternativa são os supermercados, mas a oferta é muito limitada. O pessoal da recepção do Super 8 me salvou indicando um restaurante na estrada, bem no caminho de volta. Tinha uma variedade legal a bons preços, mas não tinha Almaúnica, Valmarino nem Angheben. Acabou encaixando perfeitamente no meu roteiro! Confira nesta Taça >>.
Simples Vinho Por Taça
- Importantíssimo: não deixe para comprar vinho no aeroporto!
- Gostei do hotel: padrão rede (é mais impessoal, mas em compensação não tem erro), café da manhã legal, afastado mas perto de tudo e com boa logística (apesar de vizinho ao posto da polícia!).
- Esse roteiro, com 6 visitas em 4 dias, para mim é ideal (já meu marido achou um exagero…). Cada um calibra o seu de acordo com as preferências.
- Recomendo fortemente mesclar o “intensivo em vinhos” com os passeios pelos cânions (para os mais aventureiros), até Torres ou ao Templo Budista.
- Escolha bem os produtores que pretende visitar. É uma ótima oportunidade para conhecer a mão por trás daquele vinho que te impressionou tanto. Sempre se aprende algo novo.
- Apesar dos conselhos para visitar alguns produtores “grandes”, eu não teria feito escolhas distintas (talvez excluído a visita ao Bettú). Cada um dos que visitei foi interessante e diferente.