Dicas para aprender sobre vinhos em Bordeaux

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Chateau Pontet Canet - Foto: @anaintowine
Chateau Pontet Canet - Foto: @anaintowine

Quer conhecer Bordeaux mas não sabe por onde começar? Nem eu! Por isso pedi as dicas da Anaintowine – sommeliére apaixonada pela região e que acabou de voltar de lá. Vamos conferir?

Vinhos em Bordeaux – por onde começar

Foto: https://www.bordeauxwinetrails.com/

Antes de tudo, é preciso ter ideia sobre a geografia de Bordeaux e seus vinhos. Está tudo bem explicadinho neste podcast », mas aqui vai um resumo para facilitar:

  • Os vinhos tintos da região são blends de Cabernet Sauvignon, Merlot, Cabernet Franc e Petit Verdot (Carmenere e Malbec também são permitidas, mas menos utilizadas).
  • A região vinícola de Bordeaux é um estuário (Gironde), para onde confluem os os rio Garrone e Dordogne, formando uma espécie de “Y” invertido (vide figura ao lado).
  • As principais regiões produtoras ficam nas famosas “margem esquerda” ou na “margem direita” (note que na figura que nem é  o mesmo rio…) e são marcadas por estilos distintos.
  • Margem esquerda: Medoc e Graves (respectivamente ao norte e ao sul da cidade de Bordeaux) – produz blends baseados em Cabernet Sauvignon. Aqui ficam todos os chateaux Grand Cru da famosa classificação de 1855.
  • Margem direita:Pomerol e Saint Emilión – produzem blends baseados em Merlot e também abriga os famosos (e caros) garagistes e seus vin de garage.
  • No “meio” do Y fica a região chamada Entre-Deux_Mer (não muito importante na produção de vinhos)
  • Seguindo sentido sul pela margem esquerda fica a cidade de Bordeaux; mais ao sul ficam as regiões de Sauternes e Barsac – famosas pelos vinhos doces de botritis (não deixe de conferir o SV#23 – Doces e Divinos para saber mais sobre esse néctar!)

Planejando a visita

Eu fiz este post para compartilhar meu planejamento e as super dicas que me passou a Ana Carolina. Depois que eu for e tiver minha própría experiência, faço outro post ou um podcast com as minhas dicas, erros e acertos. Enquanto isso você pode conferir o podcast falando sobre Bordeaux, suas regiões e classificações de vinhos (são 4!) aqui >>

Como chegar

Como não há vôos direto do Brasil para Bordeaux, brasileiros chegam preferencialmente em carro, trem ou ônibus, vindos de cidades próximas. Independente do meio de transporte escolhido, alugar um carro será praticamente essencial para explorar a região – confira no tópico com as dicas da Ana.

Considere a Ryanair

Essa é uma empresa aérea low cost irlandesa com vôos muito baratos para Bordeaux partindo de várias cidades européias.

Estude as datas com antecedência, pois a variação de preços pode ser absurda. Preciso contar que, apesar de ter tido receio nas primeiras vezes que usei (quem acredita que vai ser legal um vôo do Porto a Barcela que custa 1 euro??), a Ryanair até hoje me deu mais alegrias que aborrecimentos! Tenha em mente que TUDO é pago à parte e que na Europa não permitem garrafas de mais de 200ml nas cabines (o remédio é espachar e isso impacta no preço).

Quantos dias ficar

Considere pelo menos 1 dia para a cidade de Bordeaux (incluíndo o passeio à Cité du Vin), 1 dia para Pomerol e Saint Emilión e adicione mais dias de acordo com o número de produtores que pretende visitar. Não recomendo mais que 4 no total (ouça o SV#59 – PodePerguntar: maratona de vinícolas)

Dica: Considere também uma esticada até a região de Cognac.

Quais produtores visitar

Quais produtores visitar em Bordeaux é pergunta que vale 1 milhão de dólares! Ainda que as possibilidades sejam quase infinitas, o custo é em Euros e esse é um inibidor importante. Não sou muito uma “garota de Bordeuaux”, por isso pedi as dicas da Ana. 

A grande curiosidade de todos, claro, são os famosos Premier Cru da classificação de 1855. Vi muitas críticas sobre não serem muito receptivos com o público não profissional – ainda não sei – mas deixo os nomes aqui porque acredito que pelo menos passar por eles e reconhecê-los já seria um bom passeio (os vinhos podem ser comprados e eventualmente degustados na cidade). São eles então:

  • Château Lafite Rothschild, Pauillac
  • Château Mouton Rothschild, Pauillac
  • Château Latour, Pauillac
  • Château Margaux, Margaux
  • Château Haut-Brion, Pessac, Graves

Em Pomerol, os famosos:

  • Cheval Blanc
  • Chateau Petrús

 

Dicas da Ana

Compartilho as dicas aqui, tal e qual as recebi (porque estão ótimas e muito bem escritas! Um outro colega sommelier que vive em Cognac também elogiou e disse que não tinha nada a acrecentar!)
 
Oi, Fabi!

Desculpa a demora, estava com visita em casa.

Seguem as dicas de Bordeaux:

– Hospedagem – já fiquei em dois: 

(i) Residhome Bordeaux, um apart na área revitalizada do porto (tem muitos restaurantes), com garagem (importante se você for alugar carro pra rodar as vinícolas), instalações novas, tem café da manhã, e fica a 5 minutos de caminhada da Cité du Vin. Tem uma parada do tram bem em frente, que é a melhor forma de ir ao Centro sem se preocupar com estacionamento. Além disso, a relação preço x qualidade é ótima!

(ii) Mercure Cité Mondiale, já é no Centro (não no Centrão, mas a uns 10 minutos de caminhada). Todo novinho também, mas é mais caro, pq é 4 estrelas…
 
– Aluguel de carro: peguei na estação de trens central, na Europcar. Tinha reservado antes pela Rentcars.com. Achei bem importante estar de carro pra visitar as vinícolas, pois o esquema de transporte público pras vilas era bem complicado, não tinha trem e pouquíssimos horários de ônibus…

– Cité du Vin: é o centro cultural dedicado à história e ao mundo do vinho, na margem do Rio Garrone. O tour permanente (20 euros – não precisa reservar) é auto guiado e tem várias experiências interativas, mesa de aromas, vídeos com grandes produtores do mundo etc. Tem uns workshops bem legais tb, mas é bom olhar no site e tentar reservar antes, pq lotam. Ao final do tour, vc ganha uma taça (tem vinhos de tudo quanto é lugar) no Belvédère, que é o salão panorâmico no 8º andar. Tem tb 2 restaurantes: Le 7 (mais refinado e com vista panorâmica do 7º andar) e o Latitude 20 (brasserie e bar à vins). E lojas de vinhos (rótulos do mundo todo) e de acessórios super equipada.
www.laciteduvin.com

– L’École du Vin de Bordeaux (Centro): tem workshops sobre os vinhos da região e um Bar à Vin muito top, com mais de 30 rótulos de Bordeaux em taças (tem meia taça, pra fazer um flight maior, ou taça normal) e comidinhas. É tão bom que até rola fila dependendo do horário! Gostei tanto que fui 2 vezes.

– L’Intendant (Centro, na praça da Opera): é a melhor loja para comprar Bordeaux, especialmente dos grandes Châteaux. Tem uma imensa variedade, que fica exposta numa escada em espiral muito linda! Vale a pena ir nem que seja pra olhar, rsrs.

– La Vinothèque (Centro): quase em frente à anterior, também tem uma grande variedade da região. Lá encontrei safras de alguns rótulos que estavam em falta na L’Intendant.

– Rue du Parlement Sainte-Catherine e arredores (Centro antigo, passando da praça da Opera): área de pedestres, com inúmeros bares de vinho. Alguns têm até Grand Cru Classé na enomatic.

– Aux 4 Coins du Vin: wine bar na Rue de la Devise. Não fui a esse, mas um colega que acabou de voltar da Vinexpo recomendou fortemente!

– Visitas: 

– Pomerol: consegui visitar o Clinet (mais moderninho) e o La Fleur-Pétrus, ambos solicitando por email.

– entre Pomerol e St-Émilion: almocei no Terrasse Rouge, com uma varanda panorâmica lindíssima, ao lado do Cheval Blanc.

– St-Émilion: visitei Pavie (agendei no site, esse tem mais infra pra turismo e é lindíssimo) e Troplong-Mondot (entrou em reforma ano passado, mas não sei se já concluíram e reabriram).

– St-Émilion: bem na pracinha principal (que tem um terraço panorâmico, ao lado da igreja) há uma super loja de vinhos, com todos os melhores produtores e faz tax refund. O nome é La Grande Cave.

– Graves: fui ao Smith-Haut-Lafitte. Tem um restaurante Michelin maravilhoso (La Grand’ Vigne) e um spa da Caudalie.

– Médoc: visitei Beychevelle (une o clássico ao moderno), Mouton (bem comercial a visita, grupo grande, mas tem um museu com os originais das obras que estamparam os rótulos), e Pontet-Canet (não tem visita para turistas, tem que mandar email e se apresentar como profissional).

– para almoçar no Médoc, duas opções: Le Saint-Julien (em St-Julien msm) e Café Lavinal (em Pauillac), ambos ótimos e com bons preços!
– Se for domingo, tenta pegar um espetáculo de manhã na Ópera, é coisa de 10 euros o ingresso e um programa especial demais!

Eu lembrando mais coisas, te passo

Beijão!!

Ana Carolina.”

Ana Carolina Carvalho é advogada, apaixonada por Bordeaux e certificada WSET 3. Fala sobre vinhos no instagram @Anaintowine

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