Finalmente testei o menu harmonizado Amuse Bouche da Chez France!

Amuse Bouche para divertir o paladar

Sempre via os eventos de jantar harmonizado – chamados Amouse Bouche – promovidos pela importadora Chez France e achava interessantes, mas meu parceiro (que não pode nem olhar pra frutos do mar) nunca se animava a ir.
Por isso fiquei tão animada quando recebi um convite para participar do evento na semana passada. Irrecusável!
O evento lotou a Casa Manzano, restaurante com pegada mediterrânea do portenho Mariano Manzano em Moema. Lugar agradável, com área externa coberta por toldo e um salão interno, onde também funciona um empório.
À medida que os pratos vão sendo trazidos os vinhos vão sendo apresentados com grande paixão pelo francês Philippe Ormancey, sócio-diretor da Chez France e responsável pela curadoria dos vinhos. Neste encontro contamos ainda com a presença de Esmeralda Theotoky de Feraudy, proprietária do Theotoky Estate – responsável pelo vinho grego que deu as boas vindas aos comensais e também harmonizou com o primeiro prato.
Minha expectativa para o evento era que seriam servidas pequenas porções para serem provadas com alguns vinhos. Amuse Bouche é uma expressão francesa que se traduz como “divertidor de boca” ou “alegra boca”. É uma pequena porção, para ser apreciada numa única mordida, normalmente servido como cortesia do chef. Mas as porções de comidinhas eram gigantes e o vinho servido fartamente. Um ótimo retorno pelo valor cobrado, de menos de R$300 e que também inclui água.
O menu proposto foi:
- Linguado na vinagrete de manga e gengibre x Theotoky Cuvée Speciale 2021
- Gaspacho andaluz com camarões e alho crocante x Domaine de Saint Ser PetiteFolie AOC Côtes de Provance Sainte-Victorie 2020
- Arroz cremoso de abóboras e curry com ragú de cordeiro x Domaine de PanéryTerres de Panéry Collection Tinto IGP Pays d’Oc 2021
- Ojo de bife ao molho Romesco x Domaine de Panéry La Garuste Tinto AOC Côtes du Rhône 2021 & Domaine de Panéry La Madone Tinto AOC Duché D’uzés 2021
- Mousse de Mascarpone com compota de frutas vermelhas x Cave de Ribeauvillé Crémant d’Alsace Giesberger Rosé Brut

A seguir mais detalhes, curiosidades e minhas impressões.



Theotoky Cuvée Spéciale 2021
Diretamente da ilha grega de Corfu, este branco biodinâmico feito 100% com uva Robola abriu os trabalhos harmonizando com um delicado linguado no vinagrete de manga e gengibre. O vinho é fresco, de corpo médio e ótima acidez. No nariz mostra aromas cítricos e de flores brancas com um leve toque de mel. A apresentação do vinho foi feita diretamente pela Esmeralda Theotoky de Feraudy – produtora e proprietária do Theotoky Estate. Ela falou apaixonadamente de sua adesão às práticas biodinâmicas e das diferenças que pôde notar nos vinhos. O Cuvee Speciale é engarrafado segundo o calendário lunar, após ficar 2 anos amadurecendo em garrafa.
Curiosidade: Em 1981, no filme de 007 ‘For Your Eyes Only’, James Bond abre mão de seu martini usual por uma taça desse vinho da Theotoky Estate.
Domaine de Saint Ser Petite Folie 2020
Numa proposta incomum e ousada mas que funcionou muito bem, harmonizamos um vinho rosé com gazpacho – aquela sopa fria de tomates típica da Andaluzia. Embora a harmonização de gazpacho seja um desafio, dada a intensidade de seus temperos e sabores. Pois o Petite Folie deu conta do recado!
É um blend de Cinsault, Grenache, Syrah e Sémillon fermentado em ânforas da AOC Côtes de Provence Sainte-Victoire. O vinhedos ficam justamente nos flancos da montanha Sainte-Victoire, em pendentes com privilegiada incidência solar e varrida pelo vento Mistral – que permite o cultivo orgânico e biodinâmico. O Saint-Ser pratica uma cultura dita racional, que respeita o meio ambiente e privilegia o desenvolvimento sustentável, possuindo uma gama biodinâmica e orgânica.
Dica: esse vinho está com 40% de desconto na Black Friday
Na sequência vieram os pratos com carnes vermelhas e os vinhos tintos: 3 vinhos do Domaine de Panéry – na região do Rhône.



Domaine de Panéry Terres de Panéry Collection Tinto 2021
Esse blend de Syrah e Grenache sem barrica, mais delicado, foi escolhido para acompanhar o arroz cremoso de abóboras e curry com ragú de cordeiro. É um IGP da Côtes du Rhône de produção tradicional e corpo médio, com 13,5% de álcool. Macio e agradável na boca, com os típicos aromas de frutas vermelhas e especiarias. Gostei muito da proposta e da harmonização.
Dois tintos provados lado a lado
Para acompanhar o ojo de bife ao molho Romesco, último prato da noite, a proposta foi provar 2 rótulos e escolher “o melhor”. Provamos o La Garuste Tinto 2021 e o La Madone Tinto 2021. Ambos vêm de solo areno-limoso (o Panéry Collection vem de solo argilo-calcáreo), diferenciando-se principalmente pela passagem por barricas e, claro, a localização dos vinhedos.
O La Madone vem da jovem AOC Duché D’uzès, legalmente definida em 2013 mas cuja qualidade dos vinhos é reconhecida desde a antiguidade. “Os melhores do reino”, segundo o poeta Jean Racine que teria dito a um amigo parisiense que lá em Duché D’uzès eles tinham noites mais bonitas que os dias em Paris.
Gostei dos dois vinhos, cada um com suas peculiaridades. O La Garuste (AOC Côtes du Rhône) não passa por barricas e é mais vivo aromaticamente, enquanto o La Madone, com seu estágio de 12 meses em barricas, se apresenta mais impontente e corpulento.
Giesberger Rosé Brut, da Cave de Ribeauvillé
Para encerrar a noite, mousse de mascarpone com compota de frutas vermelhas. Aquela sobremesa doce, mas não muito doce, com um toque de acidez que foi acompanhada pelo Cremánt d’Alsace Giesberger Rosé Brut, da Cave de Ribeauvillé – umas das cooperativas alsacianas que produzem ótimos vinhos, inclusive Grand Crus, a excelentes preços.
O Crémant d’Alsace é uma ótima alternativa aos Champanhes: as regiões são muito próximas geograficamente, o método de produção é o mesmo, mas os preços são abismalmente diferentes. Esse rosé é 100% Pinot Noir, produzido pelo método tradicional (champenoise) e combinou lindamente com o mousse. Dei adeus momentâneo e com peso terrível na consciência) à dieta e comi (e bebi) tudo!
Sobre a Chez France e os Amuse Bouche
A importadora franco-brasileira está no mercado desde 2012. Focada (mas não limitada) nos vinhos franceses, possui clube de assinaturas e realizada eventos (como o Amuse Bouche) periodicamente. A agenda é informada no site e redes sociais,
Sobre a Casa Manzano
Localizada na rua Graúna, no coração de Moema. Focada em culinária mediterrânea acompanhada com boa música brasileira – uma paixão do proprietário. Informações e reservas >>.
Pet friendly
Rua Graúna 189, São Paulo