Há tempos ando à caça de um Pinot Noir brazuca pra chamar de meu. Uva melindrosa, muitas vezes chamada de diva pelo desafio que impõe aos produtores, tanto no campo quanto na bodega.

Produz vinhos tintos delicados, venerados pelos experts em suas melhores expressões mas que podem resultar em caldos ralos, desprezados pelos enófilos sulamericanos acostumados a taninos potentes e educados na era Parker.

Pinot Noir bom custa caro. Bem caro! É possível produzir vinhos com muito mais taninos e marcada passagem por barricas, bem satisfatórios e ao gosto do brasileiro, com uvas muito mais produtivas e que demandam muito menos recursos do produtor. Essa realidade acaba gerando um ciclo vicioso, em que a decepção com um vinho de Pinot Noir dos mais baratos e simples desestimula o invetimento nos exemplares mais interessantes (e caros) que poderiam mudar essa opinião.

A grande referência mundial para vinhos dessa variedade é a Borgonha, especialmente a Côte de Nuits. Historicamente a produção minúscula e  elevada demanda por seus vinhos já são refletidas nos preços. A recente desvalorização do Real e as geadas que assolaram o país em 2021, ceifando estimados 80% da safra, em nada contribuirão para que mais enófilos possam conhecer seus tesouros

Em terras tupiniquins, das várias opções disponíveis no mercado que tive a oportunidade de provar – algumas cultuadas e com preços proibitivos e outras que não me emocionaram – me empolgou essa recente “descoberta” de um produtor de Piratini, no sul do RS. Foi dica do ouvinte Charles, que trabalha na vinícola e finalmente, me animei a encomendar umas garrafas.

Comprei os 3 vinhos da linha “natureba” 300 Onças, composta por um Pinot Noir, um Riesling Itálico e um Trebbiano, os 2 últimos de estilo laranja.

Vinhos laranja têm sido uma obsessão minha desde 2020, e esses não decepcionaram, mas meu coração parou mesmo foi com o Pinot.

Escuro. Concentrado. Sisudo.Diferente de todos os outros tintos de outras variedades. Da histórica safra de 2020. Com toda certeza um sério candidato a melhor Pinot Noir brazuca que eu conheço e com um plus: o preço é de longe o melhor e tem disponibilidade (um outro sério candidato custa 3x mais e nunca consigo comprar porque a produção é muito pequena. Não é segredo quem é. Falei dele aqui).

Pois bem, como auto denominada embaixadora do Pinot Noir brasileiro, eu gostaria que muitos tivessem a oportunidade de provar esse vinho. Por isso consegui um preço com descontão com o sr. Cezar, o produtor, e ainda um bate-papo com ele para conhecermos o projeto (que eu também não conheço ainda!).

Este local é mais do que um vinhedo. É um projeto de vida e, por esta razão, cuidamos como se fosse o jardim da nossa casa: de maneira artesanal, familiar e sustentável. No meio dos parreirais nascem pássaros, criam-se pavões, galinhas, gansos, ovelhas com os seus cordeiros e outros animais silvestres. Isto só é possível pela permanente preocupação com o meio ambiente e a utilização de produtos que não prejudiquem os habitantes locais e os consumidores de nossos vinhos. 

Nossos vinhos são produzidos com alma!

Estão todos convidados, com ou sem vinho, como sempre. Mas quem quiser aproveitar a compra com desconto de 15% precisa encomendar comigo até dia 05/06. Tem frete grátis (nas compras acima de R$200) para capitais do Sul e Sudeste e pras outras a gente vai tentar dar um jeitinho. O papo online com o produtor será dia  16/06 (mais detalhes no box abaixo).

Para totalizar o valor para o frete grátis, quem não quiser apostar todas as fichas no Pinot Noir (o que não é má ideia at all!) pode variar com outros rótulos da mesma linha. Eu já provei também o Trebbiano, que está com essa cor linda da foto.

Vale a pena ler sobre a Villa Don Basílio

Eu confesso que só conheci o projeto por intermédio de um ouvinte, que trabalha lá. Não quero “estragar a surpresa” de conhecer o projeto diretamente no papo com o produtor, mas já adianto que o vinho é natureba sim, e a filosofia do pessoal por lá é do tipo que me agrada: sem alarde. Coisa de fé; de quem faz as coisas do jeito que acha que as coisas devem ser feitas.

O nome 300 Onças, inclusive, é inspirado num conto gaúcho que fala de honestidade. Quem não quiser esperar, pode conhecer mais aqui.