Tradução:
Pablo: O ano 2013 foi um ano em que, na época de colheita, começou a fazer mais frio, com manhãs mais úmidas – este ano as manhãs não estão tão úmidas, o que o vinho é genial – mas nesse ano (2013) as manhãs eram muito úmidas e os dias não foram tão quentes. Ou seja: tínhamos uma temperatura mais média e manhãs úmidas, que favoreceram o desenvolvimento da botritis cinerea ou botritis nobre. Então havia as condições ideais para deixar os racimos pendurados nas parras de uma maneira natural e, sobretudo, com mais tempo, já que quando vem o calor da tarde o fungo prolifera de forma muito mais efetiva, quebrando as baias e assim obtendo a evolução da botritis. Então o ano foi favorável pra isso. Então pedimos que deixassem um par de fileiras de sauvignon blanc e um par de fileiras de riesling, e colhemos em junho. A colheita é normalmente entre março e abril, mas nesse ano foi mais lenta e tivemos a vantagem de deixar mais tempo e fazer uma seleção racimos e dos grãos no vinhedo, após a colheita, fazer a seleção do que ia ou não para a prensa, e disso o que ia ou não ser prensado. Fizemos uma seleção de passas…
Fabiana: passas uma a uma, certo?
Pablo: passas uma a uma, do que iria para as barricas já com os mostos doces dessas duas variedades. Foi um processo longo, e os vnhos resultantes são maravilhosos.
Fabiana: então você esperou até junho e aí escolheu só alguns grãos de uva, não sei qual o aproveitamento, para fazer esse vinho. O que acontece com as uvas não selecionadas? Se perdem ?
Pablo: sim, se perdem. Há muito risco de contaminação por outros fungos, outras bactérias, outras leveduras que não são favoráveis a este tipo de vinho. Ás vezes, tentando ter um melhor rendimento, se acaba estragando tudo, resultando em vinhos com sabores de mofo ou terra molhada, que não é o que queremos. Para esse tipo de vnhos buscamos sabores mais perfeitos e aromas mais perfeitos.
Fabiana: então o rendimento é como 1 tonelada?
Pablo: sim, até menos… porque tem a seleção nos vinhedos, depois na bodega e depois a seleção das passas..é muito que se vai perdendo…
Fabiana: Menos?! Têm que ser caros então!
Pablo: (risos) não são. Valem 19 mil pesos chilenos.
Fabiana: como assim?
Pablo: porque se não, ninguém compra. Porque não conhecem a história que existe por trás desses vinhos.
Fabiana: mas… se compara a um Sauternes!
Pablo: Muchas gracias!
Fabiana: a parte do trabalho é a mesma! Há diferenças, mas o trabalho é o mesmo, e os Sauternes são caríssimos!
Pablo: sim… Não se entende muito bem o conceito…
Fabiana: então é um vinho que não será repetido?
Pablo: Até que tenhamos as condições favoráveis…
Fabiana: Ah! Então pensam em repetir!
Pablo: Sim, claro!
Fabiana: Mas é rentável?
Pablo: Sim, é rentável…e além disso é muito divertido!