Michelini Bros – SuperUco e Outras Estripulias

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Fabiana Knolseisen, 13/04/2017

Conheça os irmãos Michelini e suas criações

Não é um nem dois: é um clã de enólogos que domina a paisagem em Guatallary, sub-região no Vale do Uco em Mendoza, na Argentina. São os Michelini. 4 irmãos. Todos ávidos por obter a mais pura expressão do terroir que elegeram para também chamar de lar. Tudo começou com a Zorzal, o maior e mais comercial (tradicional pero no mucho) dos empreendimentos, comandado pelo caçula Juampi. O mais famoso talvez seja o Matías e sua etiqueta Passionate Wines. Aí tem o Gerardo, o mais velho, que comanda a Gen del Alma junto com a esposa Andrea Mufatto, também enóloga e traz no currículo o melhor vinho tinto argentino eleito pelo Guia Descorchados em 2017 e 2018.

La Milonguita – trabalho ou brincadeira ?

Não satisfeitos com seus projetos pessoais, os irmãos chamaram outros amigos enólogos vanguardistas e criaram a La Milonguita, que é uma espécie de casinha da árvore ou o clubinho da turma. Embarcaram na “brincadeira” Cristian Morelli, Rodrigo Reina (Viña Los Chokos), Enrique Sack (2 KM) e Marcelo Franchetti (Vinilo). Juntos, compraram e recuperaram uma antiga bodega abandonada para fazerem suas estripulias e vinificar suas ideias mais ousadas.

Criatividade incansável e que atravessa gerações

Ainda não satisfeitos, os irmãos Michelini tinham criatividade e energia para um projeto familiar: a Superuco. O sonho materializado na forma de uma bodega octogonal e  biodinâmica onde os irmãos trabalham juntos, alinhados a sua filosofia purista de expressão do terroir de Galtallary, carinhosamente apelidado “Gualta”. As parreiras estão plantadas em círculos e sem sistema de condução, a cultura é biodinâmica. Tudo muito livre. Ah, sim, já tem mais uma camada de Michelini surgindo: o filho do Gerardo, Manuel, lançou seu primeiro vinho o “Plop! [Arbolitos rosados y forma de pesar nubes]” em 2015, aos 19 anos e já arrancou 90 pontos da Wine Advocate. Hoje esse vinho, juntamente com outras criações do trio Gerardo, Andrea e Manuel, é lançado sob a etiqueta Michelini i Muffato.

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Passionate wines – o início da viagem

Passionate Wines é a etiqueta lançada pelo Matías Michelini, o irmão precursor da fama da família e que nem tinha um local físico (atualmente os vinhos são produzidos na Super Uco). Ele abriu caminho (enfrentou resistência no início!) e hoje é muita gente fazendo muito vinho diferente e sempre tem novidade (e quanto mais insana, mais eu curto!). A única constante é a filosofia de fazer vinhos autênticos e que falem do terroir. Levedura comercial não passa nem perto, muito ovo de cimento, co-fermentação, fermentação com as cascas e racimos (cabinhos). Eu conto mais no SV#18 e deixo aqui no post algumas dicas pra você aproveitar na próxima vez que cruzar com um vinho deles, que não são fáceis de achar no Brasil.

Via Revolucionária Hulk (Passionate Wines): à base de semillón, uma variedade francesa que andou desvalorizada na Argentina mas vem ganhando força e é queridinha do Matías Michelini. Pensa numa limonada… só que é vinho. Assim de ácido, levedura nativa e sem filtrar, cheio de “coisinhas” boiando. Preço bem acessível pra começar a conhecer os caras.

Eggo Franco (Zorzal): Cabernet franc super fino e sedoso, ácido e mineral, com muito volume em boca. Criado 1 ano em ovo de cimento. Nada a ver com os que a gente costumava ver, madurões. O irmão maior dele, Piantao 2013 ganhou 98 pontos do Descorchados. Nós degustamos este vinho na Confraria #03. Confira >>

Seminare (Gen del Alma): melhor tinto argentino segundo o Descorchados 2017, com 99 pontos e repetiu o feito agora em 2018. É malbec, mas é ácido e elegante sem ser verde ou chocante.

SuperUco Calcáreo: 100% malbec biodinâmico fermentado naturalmente e sem filtrar, são produzidos de forma similar mas com uvas de altitudes e terroirs distintos. Granito (1.400m), Río (1.300m) e Coluvio (1.150m). Meu preferido foi o Granito – mais elegante (o Gerardo me confessou que é o preferido dele também, mas o Guia Descorchados preferiu o Río – 97 pontos).

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Simples Vinho Por Taça:

  • Visite. Visite. Visite. Não deixe de conhecer quando for a Mendonça. Os irmãos, apesar do status de celebridade, são super gente boa e cada vinho deles é uma aula!
  • A cozinha (da SuperUco) também é orgânica.
  • Mesmo que algum vinho te choque (como o Esperando a los Bárbaros fez comigo) olhe além e veja a revolução que esses caras estão causando enquanto se divertem.
  • Eu conto de uns vinhos bem loucos da Passionate Wines no SV#18 – Supernatural. Divirta-se também!

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